"BATON SÓ SE FOR DE CHOCOLATE... COCA-COLA SÓ SE FOR DE VIDRO... MARTHA SÓ SE FOR MEDEIROS..."

"RUSH SÓ SE FOR BANDA DE ROCK" "BALADA SÓ SE FOR DELIVERY"!!!

terça-feira, 31 de maio de 2011

PRESENTE DE ANIVERSÁRIO....

Meu aniversário passou, mas a crônica ficou... Ganhei um presentão na véspera do meu niver... e realmente a minha querida Martha Medeiros acerta em cheio....
Nunca lidei muito bem com as pausas da minha vida, até numa das duas vezes que fui estudar teoria musical, não engoli as pausas na partitura.. pra falar a verdade até não gostava do desenho que elas simbolizavam.. uma vez num ensaio para uma apresentação em uma festa junina que foi uma micolândia!!!!! Mas foi super engraçado e gratificante, meu amigo na hora do ensaio falava.... Atenção com as pausas!!!! kkkkk
É preciso atenção com as placas.. os sinais de trânsito da vida.... Pausar ou não parar... eis a questão que ela responde brilhantemente!!!
Eu ia colocar a crônica por partes.. mas não dá.. realmente... Martha Medeiros é totalidade...

"O ADEUS À LÓGICA"

"Rendição é minha maior dificuldade. Eu me exijo desumanamente.  Tenho a impressão de que se eu não tiver uma vida bem argumentada ela vai se esfarelar em minhas mãos... Sou garimpeira, quero sempre cavoucar a razão de tudo, não consigo dar dois passos sem rumo determinado"...

Este é um trecho de um livro. De um monólogo de uma mulher no analista, tentando se libertar do que considera sua maior virtude e ao mesmo tempo seu maior entrave: ela racionaliza tudo. Demais. Ela sabe que pensar é um bom hábito, mas pensar o tempo todo - em tudo - é nocivo, principalmente quando se está vivendo um grande abalo emocional.  É o caso da personagem do livro, que viveu uma série de rupturas num breve período de tempo e tenta, alucinadamente, entender o que aconteceu, e como, e quando, e por quê.

Alucinadamente não é um advérbio usado aqui por acaso.  Procurar entender uma dor enlouquece mesmo...  A maioria das pessoas, quando em estado de sofrimento extremo, pensa até a página dois. Dali por diante, desiste de encontrar razões que fundamentem sua devastação e tratam de chorar e chorar até que um novo dia amanheça, porque sempre amanhece. Elas vivenciam o luto, perdem a elegância e xingam os deuses, pois sabem que todo sofredor tem crédito na praça, pode pirar durante um tempo que os amigos seguram a onda.

O que o sofredor não pode é tentar buscar alguma lógica para o que está sentindo, porque a emoção não tem lógica, AS COISAS DÃO CERTO E DEPOIS NÃO DÃO, AS PESSOAS DIZEM QUE TE AMAM E DEPOIS DESAMAM, DE MANHÃ VOCÊ ESTÁ INFELIZ E NO MEIO DA TARDE SE ANIMA, E SÓ HÁ UMA EXPLICAÇÃO: A VIDA É ASSIM.
Para alguns, esta explicação basta.  Para outros, esta explicação só pode estar sonegando alguma coisa.  Não toleram tanta simplificação. Que vida é assim, o quê!

A personagem do monólogo finalmente amadurece e entende que não há nada sendo sonegado. Não temos controle sobre coisa alguma, a cada dia estamos nas mãos do imprevisto, e tudo o que nos resta é aproveitar os acontecimentos bons e lamentar as dificuldades, pois elas fazem parte do mesmo kit.  É pegar ou largar.  Mas só um demente largaria.  Quem não se sujeita ao pacote inteiro não vive.

O livro não tem final, apenas mostra que, depois de a personagem ter quebrado a cabeça tentando encontrar conexões entre suas atitudes e pensamentos, descobre que a vida não é mesmo bem alinhavada.  Buscar uma lógica para a dor só nos prende ainda mais a ela. É como tentar morder o próprio rabo - nunca terá fim.

TODA EMOÇÃO É INCONSTANTE, TODA PAIXÃO É BIPOLAR.  TUDO É MISTÉRIO, TUDO É INSTÁVEL, E SORTE DE QUEM APRENDE A SE EQUILIBRAR NESSA GANGORRA....

O livro que citei foi publicado por mim, nove anos atrás, chama-se "Divã" e tem sido uma alegria vê-lo ainda tão potente através da minissérie que está no ar.  A personagem Mercedes se emancipou da autora e agora está comovendo através dos textos do talentoso Marcelo Saback.  Mas a moral da história continua a mesma: BASTA ESTARMOS VIVOS PARA SERMOS PASSÍVEIS DE ASSOMBRO O TEMPO TODO.

MARTHA MEDEIROS

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